O Sorvete

o sorvete

Eu andava pelas ruas rumo ao centro da cidade naquele excessivo dia quente de inverno. O sol já havia passado das cinco da tarde, mas ainda se fazia intenso. De repente, me deparo com um rapaz, em torno dos vinte anos, sozinho, que vinha andando na direção oposta. Ele estava cm um sorvete de casquinha na mão. Comia-o com uma daquelas “pazinhas” próprias a isso, no entanto, com certa dificuldade.

Complicando-se na dificultosa atividade, dá um longo suspiro, abaixa a mão portadora da pazinha e lambe o sorvete. Nem havia ainda acabado a ação e, com a língua ainda para fora, levanta os olhos, observando se alguém o observava. A vergonha tracejou-se claramente naquela cara barbada e extremamente infantilizada pela posição meio cabisbaixa, a boca aberta, a língua para fora, os enormes olhos arregalados que olhavam para cima, perscrutando por desconhecidos olhares reprovadores ou zombeteiros. Continuar lendo