Fim de Verão

21:36. Tinha acabado de olhar os ponteiros, ao passar por uma casa bem iluminada que mo permitia fazê-lo. A noite estava escura. Sem estrelas e com um luar que só se fazia presente através do reflexo de sua luz nas nuvens que o encobriam. A lua mesmo não se podia ver. Alguns (muitos) relâmpagos quando saí de casa mais cedo confirmavam as previsões atrasadas a alguns dias.

Nos últimos dias parece que o verão fez incrível força para atestar sua presença. “Ainda estou aqui!”, parecia gritar. E minha pele ouvia em alto e bom sol. Um calor talvez não tão quente quanto os 55 graus a que chegou uma cidade do estado nesse verão, talvez mais quente que o real pela esperança da nova estação. Tão aguardada!

Esse dia não foi diferente. Um sol escaldante queimava a pele ao simples encontro. O clima estava abafado; sensação esta que só aumentou com a chegada da noite. Um vento quente, e as nuvens… Ah, as nuvens! Nada se podia ver acima delas. O céu, parece, escondera-se de timidez e os astros que servem para alumiar a noite não cumpriram seu papel.

Apesar de aguardá-la, esperá-la, torcia para que conseguisse chegar em casa antes que ela chegasse a mim. Em vão. Às 21:36 em ponto, assim que eu acabara de olhar no relógio, ela chegou. E como chegou! E como choveu aquela chuva! Um esperado-repentino aguaceiro que me fez ir para baixo da primeira marquise que vi; por sorte, uma que estava bem ao meu lado quando caíram os primeiros milhares de gotas.

Abri meu guarda-chuva na falsa esperança que aquele pequeno abrigo me proporcionava. E esperei. Por uma curta eternidade fiquei a admirar a água que do céu caía e a quantidade que precipitava! Os meios-fios começaram a encher e nos faróis dos carros e lâmpadas dos postes eu só conseguia ver os rastros e vultos das partículas d’água que seguiam rumo ao solo.

Por um tempo infinito fiquei ali; preso por algo que me foi ensinado; preso pelo medo da chuva; preso pelo medo da ruína. Depois de uns momentos, quando a tempestade calmou, fui p’ra casa pensando nisso. Aquelas nuvens já indicavam o que estava por vir. O calor foi o primeiro sinal, os relâmpagos, a confirmação. Eram “as águas de março fechando o verão” …

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