O Quixote Brasileiro

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O Modernismo foi um movimento literário e artístico brasileiro que buscava um retorno às raízes, uma inspiração nos aspectos mais próprios da cultura e realidade brasileiras. Foi inaugurado com a Semana de Arte Moderna de 1922 e deu início a uma nova fase na literatura e artes plásticas do país, separando-as das tradições acadêmicas e buscando libertar a criação e a pesquisa estética.

Um dos escritores que pode ser considerado um prenunciador deste movimento é Lima Barreto. Nascido no Rio de Janeiro a 13 de maio de 1881, Afonso Henriques de Lima Barreto é hoje considerado um autor clássico da literatura brasileira. Publicou várias peças, entre romances, artigos, crônicas, contos e sátiras. Continuar lendo

O Ser e o Não Sou

aos 7 e aos 40

“Ser ou não ser, essa é que é a questão: / Será mais nobre suportar na mente / As flechadas da trágica fortuna, / Ou tomar armas contra um mar de escolhos / E, enfrentando-os, vencer?”. O monólogo de Hamlet, composto por Shakespeare, evidencia a dúvida do personagem em relação ao que fazer, após saber a verdade sobre a morte de seu pai. Em Aos 7 e aos 40 de João Anzanello Carrascoza ocorre uma dúvida semelhante: Sou ou não sou? Pergunta-se o protagonista.

Carrascoza nasceu em 1962, na cidade de Cravinhos, interior de São Paulo. Formou-se em comunicação social e publicou, em 1994, seu primeiro livro, Hotel solidão, obra que lhe rendeu o Concurso Nacional de Contos do Paraná. Assim se inicia sua extensa lista de publicações e prêmios vencidos. Continuar lendo

As Metáforas da Ópera

ópera de sabão

 

1954. Vargas se suicida. Mas esse não é o foco. Claramente esse fato foi o estopim de toda a trama folhetinesca e radio novelesca de Marcos Rey, Ópera de sabão, mas não é o importante. Como o título sugere, a trama segue o ritmo e estilo das radionovelas, em inglês, soap operas (óperas de sabão). A expressão surge devido aos vários comerciais de patrocinadores das novelas, em geral, marcas de sabão. Mas, não, o sabão também não é importante. O que importa, talvez, seja a experiência do autor em radionovelas. Certamente isso deu tom particular à obra. Continuar lendo

Linhas Invisíveis

Onze

“Um fio vermelho invisível que conecta os que estão destinados a conhecer-se, independentemente do tempo, lugar ou circunstância. O fio pode esticar-se ou emaranhar-se mas jamais se quebrará”. Esta é a antiga lenda chinesa do Fio Vermelho do Destino (Akai Ito). O romance Onze (1995), de Bernardo de Carvalho, também possui um fio conector invisível e segue o mesmo padrão.

Bernardo de Carvalho é carioca. Nascido em 1960, é escritor e jornalista. Debutou sua carreira literária em 1993 com seu único livro de contos, Aberração. Continuar lendo

Labirintos Internos

Barreira Imagine-se dentro de um carro que passa rapidamente por uma bela estrada. Sua visão percebe as coisas na mesma velocidade do automóvel. Certamente não conseguirá captar tudo na primeira vez. Imagine que esse carro para em frente a uma porta. Você desce, se aproxima da porta e entra onde quer que ela dê. Um labirinto se abre à sua frente. Você começa a se aventurar por ele. As muitas esquinas e curvas lhe levam a lugares que lhe dão a sensação de já percorridos. Você se sente andando em círculos, se sente perdido. Mas continua a caminhada e a procura pelo centro, até que o encontra. Sobe até um segundo nível que permite a visão de todo o labirinto e percebe que todas as voltas e esquinas foram necessárias para que você chegasse ao centro. Nenhuma em excesso. Nenhuma em falta. Continuar lendo