O Espelho do Real

o vermelho e o negro

Capa de edição francesa rara, ilustrada, de 1922, de O vermelho e o negro

“Pois bem, senhor, um romance é um espelho que se carrega ao longo da estrada. Tanto pode refletir para os seus olhos o azul do céu como a imundície do lamaçal da estrada. Por acaso o homem que carrega o espelho em sua sacola poderia ser acusado de imoral? Seu espelho mostra a sujeira e o senhor acusa o espelho? O senhor deveria acusar o longo caminho onde se forma o lamaçal e, sobretudo, o inspetor das estradas que deixa a água apodrecer e o lodo se acumular.” Esta é uma metáfora utilizada por Stendhal em seu clássico O vermelho e o negro. Um dos primeiros aspectos que se pode notar, assim, é a utilização de tópicos do contexto político na obra. Continuar lendo

O Jardim de Voltaire

Cândido

Considerada por muitos a obra-prima de Voltaire, Cândido (ou O Otimismo) é um longo conto (ou um curto romance) extremamente satírico sobre a realidade da época, lançado em 1759. Tanto que Voltaire não a assinou, chegando, inclusive, a negar a autoria dessa “brincadeira de colegial”, como teria se referido. O que torna compreensível é o fato de muitos de seus escritos terem sido publicados com pseudônimos; e também, caso sua história desagradasse as autoridades francesas, evitar uma terceira temporada na Bastilha.

François-Marie Arouet, verdadeiro nome do filósofo, nasceu em Paris no dia 21 de novembro de 1694. Fez algumas viagens durante sua vida; foi preso duas vezes na Bastilha; dedicou-se às letras e à política, principalmente à filosofia e ao teatro. Continuar lendo