A Tragédia Literária

ilusões perdidas

Honoré de Balzac nasceu em Tours, região central da França, em 20 de maio de 1799. Teve uma prolífica vida literária e uma vida pessoal e financeira conturbada. Investiu pesado na carreira de editor e impressor de livros, aplicação que não vingou e lhe gerou várias dívidas, além de um rico material utilizado por ele em suas obras. Teve várias amantes, incluindo uma condessa de origem polonesa, admiradora de seu trabalho, com quem casou, já no fim da vida. Morreu em Paris, em 1850, aos 51 anos.

Sem dúvida, Balzac é um dos maiores escritores de todos os tempos. Sua obra magistral contém mais de cem livros, sendo que 88 deles (a maioria romances) constituem A Comédia Humana. Este conjunto, que surpreende pelo título (uma referência direta à Divina Comédia, creio) e que espanta pelo número, basicamente inventou o século XIX e pode ser tomada como exemplo basilar de uma estética em transição. Continuar lendo

O Espelho do Real

o vermelho e o negro

Capa de edição francesa rara, ilustrada, de 1922, de O vermelho e o negro

“Pois bem, senhor, um romance é um espelho que se carrega ao longo da estrada. Tanto pode refletir para os seus olhos o azul do céu como a imundície do lamaçal da estrada. Por acaso o homem que carrega o espelho em sua sacola poderia ser acusado de imoral? Seu espelho mostra a sujeira e o senhor acusa o espelho? O senhor deveria acusar o longo caminho onde se forma o lamaçal e, sobretudo, o inspetor das estradas que deixa a água apodrecer e o lodo se acumular.” Esta é uma metáfora utilizada por Stendhal em seu clássico O vermelho e o negro. Um dos primeiros aspectos que se pode notar, assim, é a utilização de tópicos do contexto político na obra. Continuar lendo